Ontem, no Dia do Aborígene Americano, começou na Argentina o primeiro julgamento para investigar o massacre de Napa’lpí perpetrado contra os povos indígenas Qom e Moqoit em 1924, quando mais de 400 membros desses povos foram executados, queimados e enterrados em fossas comuns por policiais, gendarmes e civis.
Embora não haja réus vivos para serem julgados, este será um julgamento por Memória e Verdade que permitirá o reconhecimento de um dos muitos etnocídios cometidos contra os povos originários da América Latina.
O massacre foi oficialmente encoberto e escondido atrás de uma versão de confrontos entre grupos indígenas em revolta contra a autoridade e, portanto, silenciado. Em 2008, o movimento de um grupo de jovens descendentes de sobreviventes trouxe a verdade à tona, obtendo o testemunho de sobreviventes.
Melitona Enrique, Qarate’e Qom Lashe, foi uma delas, juntamente com Rosa Grillo de 114 anos e hoje a única sobrevivente deste massacre, deram os seus testemunhos que foram fundamentais para iniciar este julgamento.
É um evento sem precedentes na história argentina, pois eleva o massacre a crime contra a humanidade, assim como os recentes julgamentos pelos assassinatos, desaparecimentos e torturas ocorridos durante a última ditadura cívico-militar de 1976-1983.