Na tarde da sexta-feira 17 de setembro teve lugar o primeiro diálogo da série “Seis histórias, seis cidades, seis origens”, na que Natividade Obeso e Lorena Zambrano compartilharam-nos os detalhes da sua vida como ativistas migrantes em nossa região. O evento foi conduzido pela professora, jornalista uruguaia e atual diretora de Cultura da Intendência de Montevidéu, María Inés Obaldía.
“Seis histórias, seis cidades, seis origens”, é parte de uma campanha de Mercocidades em pôs da valorização da diversidade cultural em América do Sul e o reconhecimento dos direitos humanos e dos migrantes na região: “Mercocidades: a diversidade que há em você”. Trata-se de 6 histórias digitais ilustradas por artistas de distintos países da região.
Esta atividade foi o evento de lançamento de dois publicações digitais que relatam as vicissitudes que levaram a Lorena e Natividade a migrar dos seus países de nascimento (Equador e Peru) e radicar-se em Chile e Argentina. E as duras condições que tiveram que viver por causa da falta de direitos, a discriminação e a apatia por parte de muitas autoridades.
Durante a apertura María Inés mencionou aos protagonistas dos 6 relatos e destacou a vocação em suas experiências de vida por construir um mundo melhor, “defendendo sempre uma organização comunitária como ferramenta para a inclusão e, ao mesmo tempo, para a coesão social.”
A jornalista destacou que a campanha é um reconhecimento das e dos lutadores/as sociais e também pretende ser inspiração para a luta das jovens gerações. “Queremos converter estes testemunhos numa ferramenta para o nunca mais e para motivar para motivar o apoio uns aos outros; já que ambas tem encontrado soluções coletivas, ambas estiveram a ponto de deixar esta vida e ambas se encontraram com o outro através dessa situação coletiva.”
A primeira história que conhecemos durante a jornada foi a da equatoriana Lorena Zambrano, que pouco tempo após de chegar ao seu país de destino (Chile), estando grávida, viveu grandes limitações de acesso à saúde, bem como abuso psicológico, que como mulher e migrante foi um dos momentos mais complexos que lhe tocou viver. Neste sentido destacou: “A partir daquele momento, entendi que queria uma mudança e que não ia permitir que mais mulheres sofressem o que eu tinha sofrido.”
No final da apresentação refletiu: “A migração a nível de Latino-americana chegou para continuar girando, evoluindo, não chegou para ser restringida pelas fronteiras, não chegou para ser maltratada, racializada, discriminada. Os migrantes aportamos grandes avanços e enriquecemos a cultura.”
A segunda história apresentada foi da Natividade Obeso, migrante peruana que atualmente reside em Buenos Aires. Sua narrativa é fortemente condicionada pelas mudanças políticas e os movimentos de guerrilhas na América Latina.
Natividade nos contou sobre sua chegada em 1994. “Nesse momento em Argentina havia muita discriminação. Não havia uma política migratória baseada nos direitos humanos e sobretudo muita xenofobia e racismo. Nesse momento deu-se a grande feminização da migração, onde muitas mulheres saiam de Peru e de muitos países”, relata Natividade acerca da sua chegada a Buenos Aires.
Durante a conversa Natividade lembra as duras condições de trabalho que teve que enfrentar a sua chegada a Argentina, afirmando que viveu a escravidão.
“Somos nós as mulheres migrantes que lutamos, porque somos as mulheres as que estamos mais excluídas e discriminadas, somos as mulheres que saímos de nosso país em busca de uma melhor qualidade de vida para nossa família. Na organização “cada vez que um colega migrante sai realmente me cheia de satisfação, porque aqui empoderamos as mulheres e sua autonomia”, reflete Natividad no encerramento de sua história.
Finalmente, María Inés sustenta que para continuar trabalhando a situação dos migrantes na região “o olhar tem que ser de direitos humanos e a saúde tem que ser compartilhada”. Quero pessoalmente apoiar esta iniciativa coletiva, lembra-lhes que Mercocidades procura pelo que cada um de nós contribuiu esta tarde “a diversidade que há em você”. Está em nós e em nossos pares gerar essa mudança que sentimos que está acontecendo em América e do que também queremos formar parte
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