Ciudades más SegurasAs cidades de Maipú (Chile), San Miguel de Tucumán (Argentina) e Solidaridad (México) são as três ganhadoras do IV Concurso Regional das Cidades mais Seguras para Mulheres e Meninas, promovido por UN-Habitat, UNIFEM e FEMUM-ALC.

A iniciativa premiou práticas municipais de segurança para mulheres e meninas em cidades da América Latina e do Caribe. A premiação se realizou no auditório do Tribunal Supremo de Eleições, em San José, Costa Rica, no passado dia 6 de março.

Entre as três ganhadoras, a prática mais antiga é a de San Miguel de Tucumán, que em 1995 criou o Grupo de Auto-ajuda de Mulheres e, a partir desse ano passou a elaborar ações de prevenção à violência contra a mulher e de promoção da equidade de gênero.

O trabalho de prevenção da violência contra a mulher sucede em várias partes do mundo. ONGs e governos locais respondem com programas inovadores e mulheres e homens em muitas comunidades levantam suas vozes contra a violência feminina.

SOLIDARIDAD
O município de Solidaridad, conta atualmente com 135 mil habitantes, dos quais 48 por cento são mulheres. Conta com o programa «O Valor das Mulheres», que tenta apoderar-las, interiorizando o princípio de equidade mediante a designação de mulheres em áreas estratégicas do governo municipal, o que faz que 40 por cento dos funcionários municipais sejam do sexo feminino.

Esta porcentagem faz de Solidaridad o segundo município no México com o maior número de mulheres integradas à função pública municipal (7 dos 18 cargos de primeiro escalão são ocupados por elas).

Os programas comunitários dirigidos à prevenção da violência feminina são administrados por mulheres. O programa Família Segura conta com 43 comitês de vizinhança, integrados por dez membros da comunidade, onde a maioria são mulheres, e 75 por cento destes comitês são presididos por elas.

Este trabalho conjunto com os meios evita que as redes criminais que promovem a prostituição infantil entrem a Solidaridad, como sucede em outras cidades turísticas mexicanas como Cancun, Acapulco, Distrito Federal e Guadalajara.

SAN MIGUEL DE TUCUMÁN
Em San Miguel Tucumán, Argentina, outra das municipalidades premiadas, existe desde 1995 o Grupo de Auto-ajuda de Mulheres e a partir desse ano passou a elaborar ações de prevenção à violência contra a mulher e de promoção da equidade de gênero.

O primeiro trabalho se concentrou em mulheres maltratadas, com baixa auto-estima, com extrema dependência e desconhecimento total dos seus direitos. Começou um trabalho de dignificação, independência e apoderamento, o que levou a que as mulheres se sentissem valiosas, produtivas e dedicadas defensoras dos seus direitos e dos de seus filhos.

Esta iniciativa derivou em outro programa chamado Nossos Filhos (de 2003), que consistia em tarefas didáticas, ajuda escolar e tratamento psicológico. Dois anos depois, se criou o grupo de Auto-ajuda de Adolescentes e Jovens em Lares em Conflito, pioneiro na Argentina, para que os participantes pudessem expressar livremente seus medos, angústias, temores, expectativas e desnaturalizar a violência como um modo de resolução dos conflitos.

Como resultado desta prática, se destaca a criação de um programa de rádio «Importa a nós Todos», que, pouco a pouco, introduzia a problemática da violência na comunidade. Passado um tempo, surgiu à associação civil Atenea, pioneira no país, que reúne mulheres vítimas de violência, as apodera e inculca que juntas podem ser mais fortes. A diretoria da associação é de mulheres.

MAIPÚ SEGURO
Já no município de Maipú, Chile, a prática «Prevenção Maipú: um Maipú Seguro para todos e todas» promove uma política de prevenção e segurança cidadã que abarca o trabalho integral para o desenvolvimento de uma cidade segura para homens e mulheres. A iniciativa tem como fim impulsionar uma série de ações de aproximação com a comunidade, promovendo a participação cidadã e a co-produção da segurança nos bairros, diminuindo a sensação de insegurança e fortalecendo a credibilidade e confiança nas instituições.

A prefeitura de Maipú criou a Unidade de Enlace Comunitário (atualmente existem 110), unidade que promove desde os bairros e vilas a organização do trabalho de prevenção cidadã. A Unidade de Enlace identifica nas vizinhanças os distintos grupos de trabalho que atuam com o programa de ação junto com a cidade.

Como resultado desta prática, a população de Maipú está organizada através dos problemas de segurança que afetam às mulheres e às meninas. Quem lidera este processo são as mulheres (dos três mil sócios, 80 por cento são mulheres), que têm se apoderado num lugar tradicionalmente liderado por homens.