Este 3 de maio, coincidindo com a celebração do Dia Mundial da Liberdade de Prensa, se deu a conhecer aos ganhadores do II Prêmio de Jornalismo Cidades Ibero-americanas de Paz, organizado pela União de Cidades Capitais Ibero-americanas (UCCI) com o apoio de UNESCO e da Prefeitura de Madrid. Trata-se de três reportagens sobre as consequências dos crimes dos paramilitares em Colômbia, a violência nas ruas de San Salvador e as esterilizações forçosas no Peru de Fujimori. O galardão consta de três prêmios de 1000 euros cada um, e tem o objetivo de promover os trabalhos jornalísticos dedicados aos avanços e problemas das cidades ibero-americanas para erradicar a violência e consolidar um modelo de convivência pacífica e de respeito aos direitos humanos.

O ato de entrega tive lugar no Colégio de Jornalistas de Costa Rica e contou com a presencia da ministra de Comunicação costarriquenho, Nancy Marin Espinoza, o prefeito de San José e representante da UCCI, Johnny Araya Monge e a presidenta da Junta Diretiva do Colégio, Emma Lizano Tracy.

Reportagens ganhadores

As três reportagens premiados abordam diferentes situações de violência com rigor ético e estilos definidos.

Instruções para caminhar em San Salvador”, publicado em VICE e obra de Alejandra Sánchez Inzunza e José Luis Pardo Veiras, acompanha a vários habitantes da capital salvadorenha no seu percorrido diário por umas ruas convertidas em fronteiras urbanas invisíveis, com regras e códigos não escritos. Este trabalho forma parte da série “Capital Criminal”, uma viajem por sete cidades de América Latina para dissecar os motivos da violência. Os autores premiados têm publicado em meios como The New York Times, Esquire, Gatopardo e Etiqueta Negra, entre outros. Também, têm participado em antologias jornalísticas como Ciudades Visibles.

Como um povo quis acabar com uma população esterilizando a suas mulheres”, publicando no jornal Huffington Post, a jovem tradutora e jornalista Marina Velasco, denuncia as práticas eugénicas praticadas entre 1995 e 2000 em Peru durante o Governo de Alberto Fujimori. A autora recolhe testemunhas e dados de pesquisas para denunciar que estes crimes, ainda impunes, são exemplo de um modelo de desenvolvimento baseado no extermínio físico de uma população especialmente vulnerável, por ser pobre, indígena e mulher.

O povo que adopta cadáveres”, publicado em El Confidencial e obra do periodista Aitor Sáez, mostra como os habitantes de um povo de Colômbia dignificam as vítimas anónimas dos paramilitares, venerando suas almas. O autor logra que os dados sobre mortes e desaparecimentos, junto com as histórias em primeira pessoa, expliquem não só a violência, senão também a impunidade desses crimes. Aitor Sáez, que dedica boa parte de seus trabalhos a temas como a migração e os direitos humanos, é colaborador habitual da televisão internacional germánica Deutsche Welle desde México. A reportagem premiada está incluída no seu segundo libro: Crónica de uma paz incerta. Colômbia sobrevive.

Além disso nesta edição, o jurado concedeu uma menção especial para a série de oito reportagens “Desiguais. Realidades injustas”, impulsionada por Oxfam e VICE Newa e realizada por 15 jornalistas. Composta por mais de 60 entrevistas a pessoas de 18 países de América Latina, expõe como se materializa a desigualdade na vida da gente.

A editora da série é Karla Mónica Casillas Bermúdez, jornalista com mais de 20 anos de experiência que atualmente é a chefa da informação de México.com. Também é coautora do libro os 12 mexicanos mais pobres. O lado B da lista Forbes.

O galardão se dedicou à memória de Paul Rivas, Javier Ortega e Efraín Segarra, membros do equipo equatoriano do jornal O Comercio assassinados no abril de 2018 no exercício da sua profissão. No total se candidataram 70 trabalhos de 12 países de Ibero-américa.

Fonte: Agencia de Notícias Cidades Ibero-americanas (ANSI)

Foto: União de Cidades Capitais Ibero-americanas