De 23 a 26 de maio, Estrasburgo, França, foi sede do Bureau Executivo da organização mundial Cidades e Governos Locais Unidos, participaram do encontro, o presidente de Mercocidades, intendente de Córdoba (Argentina), Ramón Mestre; a vice-presidente de Mercocidades em Desenvolvimento Urbano Sustentável e Mudança Climática, intendente de Rosário (Arg.), Mónica Fein; e o intendente de Canelones (Uruguai), Yamandú Orsi. Conheça suas declarações.


Mestre

Durante o evento o presidente de Mercocidades realizou três palestras sobre finanças, direito à cidade e migrações. Também participou na sessão estatutária do Bureau Executivo de CGLU, assim como no encontro da Coordenação Latino-Americana de Autoridades Locais para a Unidade na Diversidade, que reúne a representantes de redes de cidades latino-americanas. Em sua última intervenção apresentou os avanços do Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local, que ocorrerá em Córdoba no próximo ano.

Com respeito à participação de Mestre na mesa de financiamento, o mandatário ressaltou a “necessidade do acesso ao financiamento para infraestrutura, como também para atividades relacionadas a inclusão e a coesão social. Apresentamos um ecossistema de fundos para o financiamento dos governos locais de Mercocidades, através do BID, da ONU Hábitat, e de diferentes espaços que tornam o desenvolvimento sustentável”.

Em sua intervenção sobre migrações, o presidente destacou a experiência de Córdoba, que no âmbito do acordo global para uma migração segura, ordenada e regular, avançou em várias dimensões. “Córdoba é uma cidade universitária, empreendedora e produtiva e há um exercício permanente de receber novos vizinhos e vizinhas. Isto o fazemos desde o Estado e com diferentes organizações que permitem levar adiante uma situação muito importante no marco do Plano de Metas de uma Córdoba equitativa e inclusiva. Para garantir o acesso à saúde, a educação, a cultura, ao esporte, aos grupos mais vulneráveis. Ao mesmo tempo Córdoba é reconhecida pelas oportunidades e desafios que tivemos com os refugiados de Síria, mais precisamente, nos últimos tempos. Assim como também com as várias correntes migratórias que vão surgindo”.

Por último, se referiu ao Direito à cidade como um “desafio mundial”, “é um direito coletivo o viver em cidades justas, independentemente da região do mundo onde estejamos”.

Fein

A intendente de Rosário expôs durante o Conselho Político sobre oportunidades para todos, onde destacou as responsabilidades das cidades “temos um novo papel, um papel crescente e na América Latina isso se vê com claridade com os processos de democratização e descentralização das últimas décadas. Em quase todos os países da região somos os municípios os responsáveis de oferecer serviços básicos e sociais; de promover o desenvolvimento local; de planificar cidades inclusivas, sustentáveis, resilientes, e assim construir uma melhor qualidade de vida”, disse Fein, e grafou : “Concentramos 80% da população de nosso continente e acumulamos 2/3 partes da riqueza; isso nos gera novas oportunidades, mas também observamos as crescentes desigualdades, em particular das periferias, dos bairros marginais, e às vezes dos centros degradados, onde confluem os grupos mais pobres, muitas vezes migrantes em busca de um futuro mais digno”.

Ao finalizar sua alocução, Fein acrescentou: “Os governos locais são inegáveis atores na construção de cidades e territórios mais inclusivos, resilientes, seguros e sustentáveis, mas paradoxalmente isto ainda não está se traduzindo na mobilização dos recursos adequados para poder impulsar estas agendas”, e convocou a “trabalhar conjuntamente para revisar os mecanismos de financiamento, aproveitando melhor a capacidade dos governos locais para mobilizar os recursos locais e os ativos urbanos, e melhorar o acesso ao financiamento público e privado, tanto nacional como internacional”.

Orsi

O mandatário da cidade uruguaia de Canelones, participou no Conselho Político sobre Resiliência, cujo debate se centralizou nas oportunidades e respostas que há nas áreas urbanas emergentes para fazer deles territórios inclusivos, seguros, resistentes e sustentáveis.

Durante sua intervenção, o intendente Orsi se referiu à tensão entre o local e o central nos países latino-americanos, cujas origens datam dos processos de independência da colonização espanhola, “isto que parece uma coisa tão longínqua é o que tem cruzado a todo nosso processo de emancipação ao longo de todos estes séculos, este processo de tentativa permanente de passar de um mundo em subdesenvolvimento ao desenvolvimento, tem tido sempre a tensão entre o central e o local. A tal ponto, que o que terminou primando em nossos territórios, depois da independência política, foi uma fragmentação baseada na centralização de nossos países.”

Mais adiante, em sua alocução enfatizou em torno à necessidade de avançar para a descentralização como um espaço de oportunidades para as áreas urbanas emergentes, afirmando que “o processo de descentralização implica compromissos: de gestão de planificação do território e de participação”.

 

29 de maio de 2018