Nos dias 21 e 22 de abril, em Ensenada província de Buenos Aires, Argentina, se divulgou o Manifesto do primeiro Parlamento de Mulheres Originárias, organizadas pela livre determinação de seus povos.
O grupo de mulheres repudia a Lei Antiterrorista e exige sua derrogação imediata. Assim mesmo, reclama por garantias legais que os salvaguardem sob a aplicação de uma lei de direito indígena.


Sob a invasão do Estado a seus territórios e posteriores assassinatos, realizaram um diagnóstico de sua situação como mulheres indígenas e a partir disto reclamam no Manifesto a aplicação efetiva da legislação de direito indígena nacional e internacional e uma justiça acorde às perspectivas dos povos originários nas problemáticas que se cruzam.

São 36 Nações as comprometidas com a causa e as que formam parte do Parlamento. No 1º Parlamento de Mulheres estiveram presentes mulheres das seguintes Nações: Ranquel, Guaraní, Abya Guaraní, Mby Guaraní, Zapoteca Aymara, Quechua, Charrúa, Pilagá, Diaguita Calchaquí, Qom, Wichi, Mapuche – Tehuelche, Kolla, Tonocote, Chana, as quais em primeiro lugar declaram:
“Nos organizamos para caminhar pela livre determinação de nossos povos. O Estado argentino já não pode oferecer reparação alguma, nestes mais de 200 anos de invasão, sua conduta tem sido irreparável.
Tem gerado o desaparecimento de ecossistemas e de inumeráveis nações originárias, recentemente o desaparecimento e morte de milhares de pessoas que por construir uma sociedade mais justa foram vítimas da intolerância e da crueldade.

A livre determinação dos povos nos propõe a possibilidade de construir uma nova matriz civilizatória, com base nos valores da boa vida como direito, isto é, reconstruir o respeito e a reciprocidade entre os povos e para com o resto da natureza, em resumo uma revolução verdadeira”

Por outro lado, a união destas mulheres denunciam ao “Modelo Extrativista e as Políticas Energéticas como crime de Lesa Natureza e denunciamos que estas empresas transnacionais e de megaprojetos como: a megamineria, o fracking, o avanço das petroleiras e hidroelétricas, o uso de agrotóxicos para monocultura, entre outras contaminam, destroem e roubam nossos territórios; além de estar vinculada à rede de tráfico que trafica nossas meninas e irmãs.”

Outra das exigências do 1º Parlamento de Mulheres é “o respeito a nossa autonomia econômica, recuperando as atividades produtivas em equilíbrio com a natureza para o desenvolvimento de nossas comunidades. A produção e comercialização de nossos produtos como também nossa medicina tradicional transfronteiriça”, a qual se vê afetada por normativas vigentes que atentam contra seus direitos sobre a Terra.

Por último o Parlamento declara:
“Somos mulheres indígenas que acordamos, estamos cansadas e dizemos basta de genocídio sistemático, basta de criminalizar a recuperação do território ancestral, basta de violência institucional, basta de racismo e xenofobia.”
Mais informação:  www.facebook.com/PMOriginarias/

26 de abril de 2018