Após 100 anos de uma revolução que logrou o co-governo estudantil, a autonomia política, a implementação de cadeiras livres, junto a muitos outros direitos reconhecidos hoje nas universidades públicas de nosso continente, as cidades de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, presentes no encontro de Mercocidades, expressaram seu apoio à reforma universitária que nasceu em Córdoba em 1918.

Após 100 anos de uma revolução que logrou o co-governo estudantil, a autonomia política, a implementação de cadeiras livres, junto a muitos outros direitos reconhecidos hoje nas universidades públicas de nosso continente, as cidades de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, presentes no encontro de Mercocidades, expressaram seu apoio à reforma universitária que nasceu em Córdoba em 1918.

Mercocidades se reuniu nos dias 14 e 15 de março na capital de Córdoba para definir sua agenda anual de trabalho, que até a data inclui dezenas de atividades a desenvolver em toda América do Sul. Na agenda também se destaca a participação da Rede em eventos mundiais, com o fim de incidir nas agendas globais, desde uma visão inclusiva e integradora a nível regional, sustentada no “Direito à Cidade”.

Ademais, durante o encontro se apresentaram 4 convocatórias que se realizarão durante ano, duas delas de formação, para a formulação de projetos regionais e para a implementação de estratégias locais de resiliência; e as outras duas com fundos para o financiamento de projetos de cooperação Sul-Sul. Como parte das ações que a Rede implementa no marco de seu Programa de Cooperação Sul-Sul e através de alianças estratégicas com outras redes de cidades e organismos internacionais.

As jornadas contaram também com outras duas declarações, uma no contexto da abertura da “Semana da Memória” em Córdoba, e outra ante o trágico assassinato da ativista e vereadora brasileira, Marielle Franco, ocorrido no Rio de Janeiro no dia 14 de março.

Por outro lado, e retomando as expressões em torno à comemoração dos 100 anos da reforma universitária, Córdoba anunciou o encontro que em dezembro deste ano reunirá a governos locais e universidades públicas da América Latina, com o fim de aproximar laços, trocar experiências conjuntas e coordenar ações para o futuro.

A continuação a declaração de adesão ao Centenário da Reforma Universitária:

A rede de Mercocidades, reunida na cidade de Córdoba quem exerce sua Presidência, deseja expressar ao Reitor da Universidade Nacional de Córdoba sua adesão aos 100 anos da Reforma Universitária.
A Reforma Universitária de 1918, foi um importantíssimo movimento político, social e cultural dos estudantes de Córdoba que se converteu em um fato da história Argentina e Sul-Americana do século XX.
A Argentina do Centenário (1910 – 1916) era um país que estava mudando definitivamente sua matriz nacional. A Lei Sáenz Peña, que garante o voto universal, secreto e obrigatório, chegou com ar democratizante. Os imigrantes provenientes da Europa, fugindo da 2ª Guerra Mundial, geraram uma nova classe econômica, social, cultural e política que reclamava espaços legítimos para seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo que a bonança econômica do país, gerava um espaço auspicioso de mobilidade social ascendente.
Nesse contexto, a Reforma Universitária de Córdoba, foi uma revolução que mudou definitivamente o paradigma do ensino superior e a matriz institucional das casas de altos estudos, não só na Argentina senão que também de Peru, Chile, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Paraguai, Bolívia, Brasil e Equador, entre outros.
Para compreender a Reforma devemos lembrar que a Universidade de Córdoba se caracterizava por um conservadorismo elitista e clericalista que respondia aos interesses das classes dominantes. Porém, que ao mesmo tempo, abria suas portas aos filhos e filhas de imigrantes que começam a chegar em busca de títulos superiores.
O movimento reformista logrou o co-governo estudantil; a autonomia política, docente e administrativa da universidade; a eleição de todas as autoridades mediante assembleias com representação de professores e professoras, estudantes e egressados; a seleção de docentes mediante concursos públicos; a fixação de mandatos com prazo fixo para o exercício da docência; a liberdade docente; a implantação de cadeiras livres e a oportunidade de ministrar cursos paralelos ao do professor e professora e a assistência gratuita às aulas.
Todas estas são características que fazem parte hoje da identidade das universidades públicas, e cujo ideário apaixona às novas gerações, pelo seu compromisso na democratização das instituições e sua sempre vigente luta por responder as necessidades sociais, já que se trata de um projeto que nunca termina, porque nunca faltam correntes que romper com ideais de identidade e grandeza.
A presente adesão se materializará com a realização em Córdoba do 4º Encontro Cidade-Universidade, organizado pela Associação Universidade Grupo Montevidéu (AUGM) em conjunto com a Universidade Nacional de Córdoba e Mercocidades, que se realizará no próximo mês de dezembro.
Por último, reafirmamos no mês da Mulher nosso compromisso de trabalhar transversalmente a perspectiva do gênero dentro da nossa Rede, como fato de revolução cultural.
Cidade de Córdoba, aos 14 dias do mês de março de 2018.