Ontem 23 de outubro de 2016, foram realizadas as eleições municipais no Chile, nas quais os eleitores puderam escolher seus representantes para os cargos de prefeitos e vereadores dos 346 municípios do país. A jornada esteve marcada por uma baixa participação, onde segundo as primeiras apurações, dos 14,1 milhões de chilenos habilitados somente 4,9 milhões votaram. A aliança opositora ao atual governo nacional “Chile Vamos” obteve 38,45% dos votos, contra 37,06% obtidos pela coalizão governista “Nova Maioria”, já os independentes alcançaram um 17,36%.

A participação foi de apenas 34,9%, e de abstenção um 65,1%. Esta cifra se converte no pior índice, deixando no passado o recorde alcançado no plebiscito de 1988, onde se definiu o retorno à democracia, com a participação eleitoral de um 97,5%. O ponto crítico foi a mudança do voto obrigatório a voluntário, implementado nas municipais de 2012, onde se registrou um 57% de abstenção.

A presidente Michelle Bachelet ressaltou “a fortaleza de nossa democracia está afetada” ao comentar o alto índice de abstenção nas eleições municipais deste domingo. Comentou que “no Chile temos sido sacudidos pelo conhecimento de más práticas por parte de líderes políticos, sociais e empresariais; assim como pela incapacidade de algumas instituições responderem com eficácia às demandas cidadãs, e isso distanciou às pessoas das instituições democráticas”.

A chefe de Estado explicou que “não é uma simples expressão de desinteresse, é diretamente um incômodo, um mal-estar pela falta de integridade, pela falta de renovação das lideranças e pela pobreza das ideias propostas para o país e é um mal-estar crescente”.

Nas capitais regionais, os triunfos da Nova Maioria foram os de Copiapó, La Serena, Concepção, Puerto Montt, e Coyhaique. Enquanto que o bloco opositor “Vamos Chile” ganhou as eleições em Iquique, Santiago, Rancagua, Talca, Temuco, Valdivia, e Punta Arenas. No total, incrementaram suas prefeituras de 121 a 143, o que refletiu um aumento de um 18% nestas eleições.

Os primeiros resultados demonstram que a Nova Maioria obteve 1.759.527 dos votos validamente expressos, versus os resultados de Chile Vamos com 1.825.477 votos, o que se traduz em quase 66 mil votantes mais.

O resto das listas e pactos representaram a seguinte porcentagem de votação: o partido regionalismo de Magallanes 0,01%; o pacto de Aysén 108 votos; o pacto Chile quer Amplitude 0,80%; o pacto Mudemos a História 0,41%; o pacto Povo Unido um 0,99%; o pacto Norte Verde um 0,09%, o pacto Alternativa Democrática um 0,83%; o partido Unidos resulta em Democracia 0,02% e o pacto Justiça e Transparência um 0,31%.

O pacto Eu Marco pela Mudança obteve um 1,94% das preferências totais com 92.194 votos, e em uma porcentagem um pouco menor, o pacto Poder Ecologista e Cidadão obteve um 1,72% do total, equivalentes a 81.451 votos.

Os candidatos independentes refletiram um 17,36 % dos votos, o que se traduz em 824.178 votos e 316 candidaturas a prefeito. Resultado que se contrasta com as eleições de 2012, em que os candidatos independentes refletiram 0,62% e somavam 35.791 votos. A grande surpresa da jornada foi Jorge Sharp em Valparaíso, que superou tanto à Nova Maioria, representada por Leopoldo Méndez, e a Chile Vamos, representado por Jorge Castro.

Com respeito ao triunfo de “Vamos Chile” em vários dos municípios mais emblemáticos do país, como foi na capital, Santiago, e que representa um duro golpe para a “Nova Maioria”, a atual presidente realizou um chamado a sua coalizão, afirmando que “tivemos fraquezas em alguns municípios e como coalizão às vezes temos mostrado mais divisão que unidade em torno aos temas que de verdade importam aos cidadãos. A mensagem de advertência que hoje nos deram não é um chamado ao desânimo, é um chamado a fazer melhor as coisas, com convicção e espírito de serviço”, acrescentou.

Fontes:
Notícias da América Latina e do Caribe (nodal) 
El Observador 
Imagem Agência Uno