Um levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para América Latina e Caribe, informa a partir de uma medição multidimensional, que 70 milhões de crianças vivem em situação de pobreza. Ou seja, quatro de cada dez crianças se encontram por debaixo da linha da pobreza infantil, e 41% destas vive na extrema pobreza.

“Estas cifras não são só inaceitáveis eticamente, senão que mostram uma contundente violação dos Direitos Humanos de milhares e milhares de meninos e meninas, direitos que estão materializados na Convenção dos Direitos das Crianças, a qual ratificaram todos os Estados da região, e se comprometeram em honrar e cumprir”, advertiu María Cristina Perceval, diretora regional da UNICEF para LAC.

O organismo internacional recorre a análise de dez dimensões para identificar as causas da desigualdade infantil: nutrição, educação, incorporação de informação, saneamento, moradia, ambiente, proteção contra a violência, proteção contra o trabalho infantil e interação social. Este enfoque “multidimensional” da pobreza infantil, contempla os controles de rotinas de saúde aos quais concorrem as crianças, sua escolaridade nos níveis inicial, primário e secundário, os episódios de violência verbal ou física que sofreram crianças de 2 a 17 anos, entre outros indicadores estabelecidos na metodologia.

Neste sentido, a Diretora Regional da UNICEF expôs que há “3,6 milhões de crianças com idade escolar para a primária que não o fazem, o melhor dito, não foram geradas as oportunidades e condições para que possam fazê-lo. Esta desigualdade não é inevitável, como não é inevitável que 7 de cada 10 crianças deficientes não assistam à escola na América Latina e Caribe”, ressaltou.

Por último, Perceval criticou o compromisso governamental da região, ao destacar que, ainda que todos os Estados “ratificaram a Convenção dos Direitos das Crianças”, o investimento público na infância “segue sendo em promédio um 5% do PBI. Assim não poderemos erradicar a pobreza infantil”. Também explicou, que a missão de superar a desigualdade na América Latina não é responsabilidade exclusiva da gestão dos governos, senão que “a sociedade inteira deve ser voz ativa e vibrante de um movimento que reconheça que os direitos das crianças são realmente prioritários”.

A que se parecem 70 milhões?

Trás o relatório da UNICEF que revela que 70 milhões de crianças vivem por debaixo da linha de pobreza na América Latina e Caribe, o organismo internacional subiu à web um vídeo titulado “A que se parecem 70 milhões”, com o objetivo de conscientizar acerca desta estatística que posiciona à região como a mais desigual do mundo, onde 70 milhões dos 195 milhões de crianças e adolescentes, vivem atualmente na pobreza e 28,3 milhões se encontram em situação de extrema pobreza.

O vídeo parte do número de crianças que vivem em situação de pobreza para compará-lo com os poucos segundos que pode demorar uma publicação nas redes sociais em conseguir 70 milhões de visitas. O objetivo do conteúdo elaborado pela UNICEF é remarcar que esta cifra coletada de crianças que padecem necessidades básicas é “inaceitável”.

Acesse ao relatório completo da UNICEF

Fonte: Notícias da América Latina e Caribe (Nodal)