Diante da decisão pública do governo argentino de se retirar da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mercocidades se manifesta contra esse tipo de decisão que mina as possibilidades de “fortalecer o multilateralismo e o trabalho conjunto da comunidade internacional em defesa da vida e do bem-estar do nosso povo”. Leia a declaração abaixo.
“Da Mercocidades, uma rede de 400 governos locais da América Latina, expressamos nossa preocupação com a decisão do governo argentino de se retirar da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa medida unilateral não só enfraquece as instâncias multilaterais no cenário global, mas também representa um retrocesso na garantia do direito à saúde da população.
A OMS tem sido historicamente um pilar fundamental na luta contra epidemias, na promoção da saúde pública e na garantia de acesso equitativo a medicamentos e tratamentos essenciais. Graças às suas ações, milhões de pessoas em todo o mundo puderam ter acesso a vacinas, assistência médica e políticas de prevenção que salvaram inúmeras vidas. Seu papel durante a pandemia da COVID-19 foi fundamental para mitigar os efeitos sociais e de saúde da crise global, apoiando os sistemas de saúde dos países com informações científicas, logística e financiamento. Embora tenhamos criticado alguns processos que poderiam ter sido realizados de forma mais harmoniosa, garantindo acesso igualitário às vacinas, também estamos cientes de que populações vulneráveis teriam sofrido consequências maiores sem a ação da OMS.
A saída da Argentina da OMS não parece responder a critérios técnicos, nem houve uma análise das consequências sanitárias que essa decisão poderia trazer. Ao contrário, parece ser a expressão de uma postura ideológica que afasta as possibilidades de fortalecimento do multilateralismo e do trabalho conjunto da comunidade internacional em defesa da vida e do bem-estar dos nossos povos.
Em Mercocidades, defendemos a importância de fortalecer os laços de cooperação entre nossas cidades e com organizações internacionais que trabalham pela equidade e justiça social. A saúde não pode estar sujeita a ideologias políticas ou disputas dentro da comunidade internacional. É um direito humano fundamental que deve ser garantido com políticas de Estado sólidas e com o apoio de organizações que zelam pelo bem comum.
De Mercocidades pedimos reflexão e revisão dessas decisões unilaterais, priorizando a saúde das pessoas acima de qualquer confronto desnecessário. Desde os governos locais da região, continuaremos trabalhando com todos os organismos de cooperação internacional que contribuem para a construção de sociedades mais justas, saudáveis e inclusivas.”