O Movimento Nacional dos Meninos do Povo, que articula a umas 400 organizações de toda a Argentina, convoca à mobilização que culminará no dia 12 de dezembro, frente à Casa Rosada, em Buenos Aires, no âmbito da campanha «A fome é um crime» em repúdio à série de seqüestros e ataques que vários integrantes do Movimento sofreram durante todo o ano.

Depois de que mais três integrantes do Movimento Nacional dos Meninos do Povo terem sofrido atentados na mesma semana, as organizações que convocam e a Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), que se adere ao Movimento, ratificaram a realização da marcha nacional prevista para o dia 12 de dezembro, com destino a Praça de Maio.

No total, durante este ano distintos integrantes do Movimento sofreram oito atentados, sobre os que ainda não se tem uma resposta por parte das autoridades provinciais nem nacionais. O último foi um seqüestro, ocorrido na sexta-feira 28 de novembro, que teve como cenário a «Pelota de Trapo» a fundação conduzida por Alberto Morlachetti, coordenador nacional do Movimento e líder-sócio AVINA Buenos Aires. Os seqüestradores levaram ao guarda-noturno do lugar num auto, durante uma hora. Nessa mesma semana, como se detalha mais abaixo, outros dois jovens partícipes do Movimento tinham sido seqüestrados em jurisdições bonaerenses, para ser abandonados, após serem narcotizados, na Capital Federal.

«Pelota de Trapo» trabalha desde há 34 anos no partido bonaerense de Avellaneda, com a missão de «velar e garantir através de diferentes ações o efetivo cumprimento dos direitos dos meninos, meninas e jovens proclamados pela Convenção Internacional sobre os direitos da criança, incorporada na Constituição Argentina e demais normativas internacionais específicas». Com esse objetivo mantém, ademais de uma agência de notícias sobre infância e juventude, um lar com quarenta meninos, biblioteca, uma escola gráfica e vários projetos produtivos, entre diversas atividades.

O Movimento emitiu um comunicado no dia 1° de dezembro onde se enumera a série dos oito atentados, com o detalhe dos Juizados que intervêm:

26/04: Grupo Comando toma a Escola Oficina Gráficos Manchita da Fundação Pelota de Trapo (Tramita na Unidade Funcional de Instrução -UFI Nº 4- do Pólo Judicial Descentralizado de Avellaneda).

24/07: Encapuzados seqüestram menino do Lar Juan XXIII da Congregação Dom Orione, dizendo-lhe que se termine a Campanha a Fome é um Crime e ameaçando incendiar três edifícios da Fundação Pelota de Trapo (Tramita na Unidade Funcional de Instrução -UFI Nº 4- do Pólo Judicial Descentralizado de Avellaneda).

26/09: Seqüestro e espancamento de um jovem educador do Lar Juan XXIII, dizendo-lhe que se termine a Campanha (Tramita na Unidade Funcional de Instrução -UFI Nº 4- do Pólo Descentralizado de Avellaneda).

3/10: Interceptam a educadora do Lar Juan XXIII e realizam ameaças para que termine a Campanha (Tramita na Unidade Funcional de Instrução -UFI Nº 17- do Departamento Judicial de Lomas de Zamora).

12/11: Seqüestram, espancam e lhe produzem talhos em várias partes de seu corpo a educadora da Rede o Encontro no transcurso da Marcha que se realizara em La Plata em repúdio da Diminuição da Imputabilidade, frente à Governança (Tramita na Unidade Funcional de Instrução -UFI Nº 11- do Departamento Judicial de La Plata).

24/11: Seqüestro de educadora em José C. Paz, é deixada numa praça frente ao Cemitério de Chacarita na Capital Federal, estendida de boca para acima e narcotizada (Tramita na Promotoria Nº 5 Criminal Federal).

27/11: Seqüestro do educador do Lar Juan XXIII da Congregação Dom Orione já seqüestrado no dia 26/09, é deixado na Praça Constituição narcotizado (Tramita na Unidade Funcional de Instrução -UFI Nº 2- do Pólo Judicial Descentralizado de Avellaneda).

28/11: Seqüestro de um voluntário da Fundação «Pelota de Trapo» é deixado no hipermercado Coto de Lanús (Tramita na Unidade Funcional de Instrução -UFI Nº 2- do Pólo Judicial Descentralizado de Avellaneda).

Distintas organizações da sociedade civil expressaram sua solidariedade com a campanha, entre eles o Espaço pela Meninez, integrado por instituições de várias províncias que lutam, entre outros objetivos, pela regulamentação da Lei Nacional 26.061 da Infância e Adolescência.

Por seu lado, o Alto Comissionado das Nações Unidas intimou ao governo nacional para que intervenha ante a grave situação.

«Não podemos nem devemos silenciar» disse o comunicado do Movimento- que todo menino que morre de fome morre assassinado. Mas também é possível que o medo se dissemine entre nossas queridas organizações, que nos danem, que nos lesionem, que nos doa na alma, que nos queiram extinguir. Tudo isto é possível. Mas a Fome seguirá sendo um Crime e não faltarão braços que sustenham o Despertar».

Mais informação e contato: www.pelotadetrapo.org.ar / E-mail: [email protected]