Líderes indígenas bolivianos debateram na quarta-feira, 18 de fevereiro, na cidade de Oruro, propostas para implementar a justiça comunitária estabelecida na nova Constituição Política do Estado.
De acordo com o capítulo quarto da Carta Magna, promulgada no dia 7 de fevereiro pelo presidente Evo Morales, as nações e os povos originários têm o direito de aplicar suas funções jurisdicionais a partir de seus próprios princípios, valores e normas.
Ao finalizar a reunião propuseram ao governo um anteprojeto de lei que permita materializar a tradição indígena de resolver internamente os conflitos, explicaram os organizadores do foro iniciado a véspera no hotel Sucre.
As mudanças transcorreram nas mesas de trabalho.
Na segunda-feira, por exemplo, participaram da inauguração do encontro em Oruro o secretário da Confederação Única de Trabalhadores Camponeses, Isaac Ávalos, e funcionários do Ministério da Justiça, entre eles a titular, Celima Torrico.
Para o dirigente social, os problemas na Bolívia estão na justiça ordinária e não na indígena.
Nosso país necessita normas para acabar com o racismo e a discriminação, disse Ávalos. Similar critério expressa com freqüência o chefe de Estado, quem considera que o Poder Judicial é corrupto e atua em função dos interesses políticos e econômicos.
Enquanto que, a oposição critica a justiça comunitária ao vinculá-la com linchamentos ocorridos nos últimos anos, questão desmentida por Morales.
A tradição indígena só tenta solucionar seus problemas, e é alheia à violência, assegura o máximo líder do Movimento ao Socialismo, segundo informou a Agência Prensa Latina.