O Programa de Renovação Urbana
da prefeitura de Valparaíso, Chile, busca ordenar os vendedores ambulantes e o trabalho informal no perímetro histórico da cidade. A idéia principal expressada pelo chefe comunal Aldo Cornejo é «não fazer a guerra ao comércio ambulante», senão «impulsionar um trabalho comum para cumprir certos objetivos que são positivos para a cidade».
O prefeito, junto a Alvaro Carrasco, chefe da área de Desenvolvimento Econômico do município, e Claudia Caballero, diretora de Rendas, reuniu-se com os sindicatos que agrupam a maioria dos vendedores ambulantes da comuna, para dialogar sobre a forma como se enfrentará sua situação e expor a experiência de Quito, cidade patrimonial que realizou um interessante plano de solução do comércio informal.
Assim, o prefeito fez especial insistência para a necessidade de realizar um ordenamento da cidade, fundamentalmente pela nova etapa que vive Valparaíso após a nominação de patrimônio da Unesco, uma «obrigação internacional que temos que cumprir, pois é um compromisso assumido por nós», disse.
Nesse sentido, Cornejo informou aos comerciantes que a meados do segundo semestre se iniciará o Programa, o qual estará concluído em 2008.
«A idéia desse plano é recuperar o casco urbano, pelo que nesse momento, começarão a se executar muitas obras físicas na cidade», indicou o chefe comunal, quem confirmou que em setembro se assinará um segundo contrato com o BID para obter os recursos que se investirão nestas obras.
«É fundamental ter uma cidade com espaços públicos ordenados, porque isso muda o rosto à cidade e ajuda além do mais a gerar condições para que haja mais emprego e propicie uma reativação econômica de Valparaíso», assinalou, acrescentando que nessa tarefa, o comércio ambulante está considerado como um fator elementar dentro do ordenamento territorial.
«O que faremos, o faremos com vocês e não contra vocês», concluiu Cornejo, que aclarou que desde o município nunca se deu, nem se dará, ordem alguma para perseguir nem reprimir aos comerciantes ambulantes agrupados nos sindicatos que estão nestes momentos trabalhando com o município.
Posterior à intervenção do prefeito, tomou a palavra Alvaro Carrasco, quem fez uma exposição sobre a experiência de Quito, Equador, nesta matéria. Em forma geral, a solução aplicada pelos equatorianos se baseou no desenvolvimento de uma «modernização do comércio popular no centro histórico de Quito», lugar que foi o primeiro da América Latina a ser declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, no ano de 1978.
A respeito, se disse que o comércio informal nessa cidade tinha mais de 40 anos de existência, período que culminou com um notório incremento no número de vendedores e organizações, até o ponto de começar a prejudicar os aspectos patrimoniais da capital equatoriana.
«Ante isso, as medidas apontaram para a recuperação do espaço público para valorização da riqueza patrimonial do centro histórico, e dignificar o comércio popular, melhorando a relação entre comprador e vendedor», explicou Carrasco, acrescentando que as chaves dentro destas idéias eram: a participação cidadã, a nova localização, a modernização e o ordenamento.
«O processo terminou com a implantação de uma série de centros comerciais populares, muitos deles habilitados em prédios históricos recuperados, e localizados próximos da área patrimonial, não longe dela», expressou, quem destacou também a diminuição do grau de conflito social e a obtenção de uma fluída relação recíproca e solidária entre todos os vendedores.