KirchnerNa primeira atividade oficial em Viena, o presidente argentino Néstor Kirchner se reuniu com seu par austríaco e anfitrião da IV Cúpula da União Européia, América Latina e Caribe, Heinz Fischer, no Palácio Imperial Hofburg, sede do governo local.

Também o fez o presidente uruguaio Tabaré Vázquez de forma separada e acompanhado de vários de seus ministros.

Ali, o dono da casa se interessou pelo conflito que mantêm Argentina e Uruguai pelas plantas de fabricação de celulose em Fray Bentos.

O presidente Kirchner argumentou então ante seu par a defesa que vem fazendo pública desde que começou a controvérsia: que o país já levou sua reclamação a Corte Internacional de La Haya; que requer amplos estudos de impacto ambiental; e a prioridade que busca dar ao cuidado do meio ambiente como política de Estado.

O chanceler, Jorge Taiana, presente no encontro, destacou: «Fischer solicitou informação sobre o tema das fábricas de papel e Kirchner respondeu que era uma questão que tinha que ver com a violação do tratado do Rio Uruguai, que diz que para que haja entendimento com efeito transfronteiriço tinha que ter havido um acordo de parte da Argentina, o qual não foi feito», reproduziu a agência Télam.

O ministro, em diálogo com os jornalistas, agregou que «solicitava a existência de um estudo de impacto ambiental acumulativo, e que havia outra informação que nunca tinha sido dada também vinculada com o tipo de investimento com o qual foram construídas, ademais que simplesmente estava tratando de cuidar da melhor maneira o meio ambiente como fez a comunidade européia».

Ademais, as fontes da comitiva descreveram o encontro com Fischer como «muito positivo».

No entanto, os porta-vozes informaram que os presidentes também conversaram sobre alguns aspectos da relação bilateral, no marco de distintos convênios econômicos e financeiros que se estão executando.

Este foi o primeiro compromisso oficial de Kirchner. Da reunião participaram também a primeira dama e senadora, Cristina Fernández; o chanceler, Jorge Taiana; o chefe de Gabinete, Alberto Fernández; os titulares das Câmaras de Deputados, Alberto Balestrini, e provisional do Senado, José Pampuro; e o secretário de Legal e Técnica, Carlos Zannini.

Por sua parte, a delegação uruguaia argumentou suas razões reivindicando «a soberania do país» e «a rigorosidade nos estudos de impacto ambiental que se implementarão» enfatizando na tecnologia de última geração que será utilizada e que é aprovada pela União Européia para o caso das plantas existentes no seu território.

Esta não foi à única visita do dia dos Presidentes ao Palácio Imperial, já que pela noite voltaram para ao jantar de gala que Fischer ofereceu em honra aos 58 chefes de Estado que participam da cúpula.

Os presidentes da Argentina e do Uruguai coincidiram na mesa do presidente austríaco, em meio da escalada de tensão no conflito pelas plantas de celulose.

A carregada agenda presidencial de ambos inclui ademais um encontro por separado com a chanceler alemã Angela Merkel, e uma conversa com a presidenta do Chile, Michelle Bachelet, ambos previstos para amanhã.

Ao longo do dia os chanceleres dos países participantes mantiveram a série de reuniões para definir o documento final da cúpula que assinarão os presidentes. Um dos pontos que ainda tem que ser definido é o referido a posição que se adotará frente a Cuba.

Hoje, as miradas estarão centradas no discurso em que Kirchner inaugurou as deliberações entre os mandatários e no que se referiu a defesa do meio ambiente, em plena controvérsia com o Uruguai. Também se reunirá com Merkel e com Bachelet.

Por outro lado ontem foi a conhecimento público que La Haya citou a Argentina e o Uruguai para o próximo mês.

Ambos os governos devem se apresentar a audiências que se realizarão na Holanda de 8 a 9 de junho para expor seus argumentos na controvérsia. A citação é pela medida cautelar pedida pelo país para frear as obras.

Em efeito, a Corte Internacional de La Haya citou aos governos da Argentina e do Uruguai a audiências que se realizarão de 8 a 9 de junho na Holanda para que exponham seus argumentos na controvérsia que mantêm pela construção das fábricas de celulose em Fray Bentos.

Esta primeira citação responde a medida cautelar pedida pela Argentina para que se paralisem as obras das fábricas até que o tribunal internacional resolva a questão de fundo referida, se as plantas danificarão ou não o meio ambiente.

A convocatória foi informada pela Corte Internacional, através de um comunicado difundido na sua página de Internet.

No primeiro dia das audiências, que se realizarão no Salão de Justiça do Palácio da Paz em La Haya, cada país contará com três horas para expor sua postura no conflito. Na segunda roda, no dia seguinte, terão duas horas para as réplicas.

A convocatória se produz, ademais, logo após que o Banco Mundial difundisse um plano de ação no qual pede às empresas Botnia (Finlândia) e ENCE (Espanha), que constroem fábricas de papel, mais informação técnica sobre o impacto ambiental do projeto.