A oposição da direita se impôs por uma estreita margem ao oficialismo de centro-esquerda nas eleições de prefeitos que se realizaram no domingo no Chile, consideradas um preâmbulo dos comícios presidenciais do próximo ano, informou a Agence France Presse (AFP).
A Alianza por Chile, que agrupa a dois partidos opositores da direita, obteve 40,49% dos votos, com um avanço de 1,79% frente às eleições anteriores de 2004, de acordo a terceira e última apuração oficial entregue pelo Ministério do Interior, que abriu 95,02% das mesas.
A oficialista Concertación Democrática, que reúne a quatro partidos de centro-esquerda, obteve 38,43% dos votos nas duas listas que foram apresentadas, com uma queda de 6,37% frente aos comícios anteriores.
A leve vitória da direita foi o primeiro triunfo da oposição nas eleições municipais desde o retorno à democracia após a ditadura de Augusto Pinochet em 1990.
A direita, com o candidato da ultra-conservadora União Democrata Independente (UDI), Pablo Zalaquett, ganhou a emblemática prefeitura de Santiago, com um 47,07% dos votos, frente ao candidato da Democracia Cristã, Jaime Ravinet, com um 35,98%, que já tinha sido prefeito pelo município.
O conglomerado do governo, que tinha se imposto nas três eleições municipais anteriores, perdeu também prefeituras emblemáticas como Concepción, Viña del Mar, Temuco, Rancagua, Iquique e Valparaíso, as maiores cidades do Chile e tradicionalmente nas mãos do oficialismo.
O oficialismo recuperou, não obstante, o município de Florida em Santiago, um dos mais populosos do país, onde foi eleito o socialista Jaime Gajardo.
«Este é um triunfo que pertence a milhões e milhões de chilenos. Estamos muito felizes», disse o multimilionário empresário Sebastián Piñera, até agora o único pré-candidato presidencial da aliança da direita, que encabeça todas as sondagens de intenção de votos.
«Estes resultados nos enchem de mais motivação e compromisso para seguir trabalhando por conquistar adesões e corações», acrescentou o empresário, quem tentará em 2009 ser o primeiro candidato da direita a se lançar a uma presidencial desde que acabou a ditadura de Pinochet.
Suas opções se fortaleceram após a inédita vitória da direita no domingo, na visão dos analistas. Na eleição dos vereadores a direita obteve, não obstante, menos votação com um 36,05%, enquanto a Concertación conseguiu um 45,2% dos votos, escrutado 86,65% das mesas.
«A coligação que dá sustento político ao meu governo obteve uma vez mais uma sólida votação», ressaltou a presidenta do país, Michelle Bachelet, tomando como referência a votação da eleição dos vereadores. «Acredito em todo caso que se deve renovar, escutar o rumor da rua, para atualizar sua mensagem e dar novo dinamismo a sua ação política», reconheceu a mandatária.
«A Alianza não subiu, o que aconteceu foi muita dispersão dos votos», disse o secretário geral da OEA (Organização de Estados Americanos), ex-ministro chileno José Miguel Insulza, que também aspira a competir nos próximos comícios presidenciais.
Por primeira vez nestas eleições, a Concertación enfrentou os comícios com seus quatro partidos divididos em duas listas. O oficialismo sofreu também uma dispersão de votos pela formação de um bloco que agrupou a vários dissidentes, na sua maioria democrata-cristãos, que criticaram fortemente ao governo de Bachelet.
O bloco dissidente obteve na eleição dos prefeitos 4,02% dos votos e na dos vereadores 7,57%. Já o pacto Juntos Podemos, que reúne aos partidos Comunista e Humanista, obteve 6,36% dos votos para prefeitos e 9,07% na eleição dos vereadores.
Mais de oito milhões de chilenos estavam inscritos para votar nas eleições deste domingo para eleger prefeitos e vereadores em 345 municípios do Chile, com uns 12.000 candidatos em competição, informou AFP.