A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL) estima que em 2009 o crescimento da região será de 1,9% e a taxa de desemprego aumentará desde 7,5% em 2008 a uma faixa entre 7,8% e 8,1% no próximo ano, como conseqüência da crise internacional.

Ante este panorama se recomenda uma maior integração e coordenação regional das políticas macroeconômicas dos países, além de potencializar o comércio intra-regional e a integração no sentido mais amplo possível.

O ciclo da bonança econômica chega a seu fim em 2008, quando a região cumpre seis anos de crescimento consecutivo. Este ano o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou um 4,6%, segundo a CEPAL no seu relatório Balanço preliminar das economias da América Latina e do Caribe 2008, apresentado hoje pela sua Secretária Executiva, Alicia Bárcena.

Entre 2003 e 2008 melhoraram ademais os indicadores do mercado de trabalho e diminuiu a pobreza. Em um contexto externo favorável, quase todos os países priorizaram os equilíbrios macroeconômicos, e foram gerados superávits nas contas externas e nas contas fiscais. Hoje, a região está melhor preparada que em ocasiões anteriores para enfrentar uma crise, mas em nenhum caso é imune.

A situação poderia ser explicada dizendo que as economias da América Latina e do Caribe estão em 2008 «voando como um aeroplano», sustentadas no impulso de anos anteriores. Os motores do crescimento se apagaram e não se sabe quando voltarão a acender, ou como será o poso.

Em relação ao mercado laboral, se espera ademais que aumente o emprego informal. Por outro lado, se prevê uma marcada baixa da inflação, que poderia cair desde 8,5% este ano a aproximadamente 6% em 2009.

Efeitos da crise

Segundo a CEPAL, a crise internacional está impactando a América Latina e o Caribe através de dois canais principais: o real e o financeiro.

No canal real já se verifica uma desaceleração das exportações, especialmente daqueles países mais ligados às economias desenvolvidas em recessão, como México e algumas nações da América Central. A queda no preço dos produtos básicos, sobretudo o petróleo, os metais e os alimentos, afetará os termos de intercâmbio da região. Se bem estes continuaram melhorando durante 2008, piorarão em 2009.

Outro efeito é a redução das remessas dos trabalhadores, de significativa relevância para as economias de alguns países caribenhos e centro-americanos. Ademais, a diminuição no turismo provocará outra queda de suas rendas.

Finalmente, se projeta uma queda dos fluxos de investimento estrangeiro direto.

Com respeito ao canal financeiro, aumentou o custo do crédito externo, tanto para as empresas privadas como para a dívida soberana, e se aprecia uma diminuição muito brusca da disponibilidade de financiamento internacional. Ambos os efeitos já provocaram fortes depreciações das moedas locais em vários países o que, se bem favorece a competitividade, provocam desequilíbrios nas folhas de balanço dos endividados em dólares e frearia a queda da inflação.

No Balanço preliminar, a CEPAL teme que a crise tenha um impacto distributivo negativo, já que o mencionado aumento do desemprego e o crescimento da informalidade trabalhista afetariam sobretudo aos lares de menor renda e aqueles liderados por mulheres.

Recomendações

A profundidade e duração da crise ainda são incertas e dependem da efetividade que tenham as medidas de estímulo da demanda e da volta à normalidade dos mercados de crédito das economias desenvolvidas.

Para enfrentar problemas globais se requerem soluções coordenadas, postula a CEPAL. Neste sentido, o impulso à demanda deve provir não só dos países desenvolvidos senão também do mundo em desenvolvimento, e é necessária uma maior integração e coordenação regional das políticas macroeconômicas dos países. Para muitos países resulta imprescindível contar com a provisão dos recursos adequados para financiar a implementação de políticas contra-cíclicas por parte dos organismos internacionais.

Ademais, deve se potencializar o comércio intra-regional e a integração no sentido mais amplo possível. Assim mesmo, a CEPAL considera importante avançar para o estabelecimento de uma nova arquitetura financeira internacional e para um papel mais ativo dos organismos creditícios regionais, os que devem prover a liquidez necessária para poder financiar todos estes esforços.