A terceira bienal de fotografia do Chile será inaugurada no dia 28 de outubro com mais de 200 exposições nacionais e estrangeiras, além de atividades orientadas para que os espectadores se transformem em autores.
A terceira versão da chamada FotoAmérica também tenta aprofundar um dos seus eixos centrais: a participação dos chilenos tanto na qualidade de espectadores como de autores.
A bienal pretende explorar a penetração que tem tido a fotografia a nível cidadão, com a massificação das câmaras digitais, explicou Weinstein Luis, coordenador geral do encontro que será realizado até o dia 30 de novembro em todo o país.
Detrás deste encontro nascido em 2004 está a Fundação América, presidida pelo conhecido fotógrafo chileno Roberto Edwards, impulsionador de outras importantes mostras como «Corpos Pintados».
A iniciativa também é apoiada por instituições públicas, municipalidades, universidades, embaixadas, museus, galerias e diversas empresas privadas. Weinstein calcula em 280 milhões de pesos (uns 445.000 dólares) o orçamento desta versão.
FotoAmérica é «o guarda-chuva que dá cobertura a uma grande quantidade de exposições que são feitas em forma simultânea» para lograr um maior impacto midiático e estabelecer vinculações com os circuitos internacionais, definiu.
Ademais de coordenar e difundir as exposições que serão inauguradas entre este mês e novembro no país, a bienal organizará algumas atividades específicas, como um seminário internacional sobre fotografia latino-americana e as chamadas «FotoLibre» e «FotoMaratón».
O seminário será nos dias 29 e 30 deste mês no Museu Nacional de Belas Artes, com a participação de reputados autores como o britânico Martín Parr, a mexicana Maya Goded e o brasileiro Cassio Vasconcellos.
Parr, recentemente homenageado com o Prêmio «PHotoEspaña Baume & Mercer 2008», também fará uma inédita exposição de rua na capital, adiantou Weinstein.
O seminário é o resultado da crescente vinculação de FotoAmérica com outros festivais da região, como «Encuentros Abiertos» de Buenos Aires, «Fotosetiembre» de México, «Mirafoto» de Peru e os que se realizam em Brasil e Colômbia.
«Este ano por primeira vez estamos nos coordenando entre todos», contou Weinstein.
Assim mesmo, do dia 10 a 16 de novembro será realizado um ciclo de cinema e documentário de fotografia no Centro de Extensão da Universidade Católica.
«FotoLibre», por seu lado, é uma grande mostra coletiva que este ano será realizada em três pontos do país: nas capitais municipais de Vitacura e San Bernardo, nos dias 8 e 9 de novembro, e na cidade de Valparaíso, 120 quilômetros ao oeste de Santiago, no dia 30 do mesmo mês.
O objetivo da atividade é que qualquer pessoa possa expor gratuitamente suas fotografias ao ar livre e que as melhores sejam premiadas por um jurado.
No entanto, «FotoMaratón» será realizado por primeira vez no dia 15 de novembro na capital.
As pessoas interessadas em participar dela devem se inscrever previamente na página da Internet do Instituto Profissional Arcos (www.arcos.cl) para receberem um código.
Com esse número de inscrição e sua câmara fotográfica digital, devem se apresentar no sábado 15 em frente ao Museu de Belas Artes, onde se lhes informará o tema a registrar num tempo limitado. Os mais destacados serão premiados.
FotoAmérica também terá grandes exposições individuais. Sobressai a do destacado correspondente de guerra Robert Capa (1913-1954), fundador da agência Magnum, que será montada no Instituto Cultural da capital municipal de Las Condes entre os dias 17 de outubro e 3 de novembro.
O mexicano Pedro Meyer se apresentará com «Heresias» no Centro Cultural Palácio La Moneda a partir do dia 14 deste mês.
FotoAmérica também terá mostras do fotógrafo boliviano Patricio Crooker, do norte-americano Chuck Close, do alemão Thomas Hoepker, do francês Pierre Verger e do suíço Herbert Weber.
O Museu de Belas Artes também albergará a exposição «Sutil Violento», de grandes expoentes latino-americanos, que foi produzida e curada no Brasil.
Para Weinstein, tanto a fotografia latino-americana como a chilena apostam ao documentário.
«Se bem há muitas categorias, os fotógrafos que mais se destacam são aqueles que tem uma mirada, que fazem uma leitura do seu país, da sociedade, que apresentam um ponto de vista inédito, criativo», comentou o artista chileno.
«O que lhe joga em contra a fotografia chilena é que o mercado é pequeno, em todo sentido», diz.
«Tem poucas galerias que expõem fotografia, tem poucos meios de comunicação que compram fotografias e tem pouquíssimos colecionadores», detalha.
Também, «há bastante isolamento com respeito ao mercado internacional. Isso faz com que a produção não seja muito grande», prossegue.
«Apesar disso, tem uma fotografia sumamente viva, tem autores muito destacados», diz.
Menciona a Sergio Larraín, Luis Ladrón de Guevara, Luis Poirot, Paz Errázuriz, Leonora Vicuña, Mariana Matthews, Helen Hughes, Claudio Pérez, Héctor López, Jorge Aceituno, Javier Godoy, Ricardo Portugueis, Tomás Munita e Rodrigo Casanova, entre outros.
Também valoriza a grande convocatória de público que conseguem as exposições fotográficas que são montadas no país. Manter a essa massividade é a expectativa desta versão de FotoAmérica, concluiu.
Nota de Daniela Estrada