O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou oficialmente que pretende convocar aos mandatários dos países do MERCOSUL para uma reunião extraordinária, a fim de discutir medidas conjuntas ante a crise financeira internacional.

Brasil, país que exerce durante este semestre a presidência rotativa do MERCOSUL, proporá que o encontro seja realizado em pouco menos de uma semana, na segunda-feira 27 deste mês.

Já começaram a realizar os contatos necessários para fixar os detalhes do encontro, que até o momento terá como único assunto à discussão da crise global. A possibilidade de tomar medidas regionais para enfrentar ao desmoronamento dos mercados globais será o eixo do encontro, apesar de que até o momento não se descarta que sejam incorporados outros temas a agenda. As chancelarias dos países do bloco preparam o programa de trabalho do encontro, que incluirá a possibilidade de começar a realizar um monitoramento conjunto dos indicadores econômicos dos países do MERCOSUL.

Na opinião do mandatário brasileiro, a origem da crise se encontra na falta de controle sobre o sistema financeiro e os mercados globais. «Ninguém pode negociar o que não tem. O movimento de recursos em forma virtual, só vendendo papel, é a causa da quebra financeira que está ocorrendo», disse Lula, quem explicou que «faz falta uma ação internacional coordenada e uma reformulação dos bancos centrais de todos os países», a fim de ordenar o mercado financeiro global e pôr freio a crise. De fato, essa é uma das razões pelas quais se pensa convocar a este encontro, ao qual segundo tem transcendido assistiriam os mandatários de todos os países do bloco. Um deles, Paraguai, já maneja algumas propostas para realizar na reunião. Trata-se de um aumento na Tarifa Externa Comum (AEC) do bloco que tentaria frear uma eventual «avalancha» de produtos asiáticos.
O vice-ministro da Economia e Integração do país guarani, Óscar Rodríguez Campuzano, confirmou que seu país levará essa idéia à reunião de urgência.

«Vamos ser inundados de produtos asiáticos, então é possível de que se peça a elevação da Tarifa Externa Comum», disse Rodríguez Campuzano a imprensa do seu país, ao precisar que a reunião tentará definir «o rumo que deva tomar o MERCOSUL nesta crise». O vice-ministro manteve que a recessão produzirá a queda do consumo na Europa e nos Estados Unidos, pelo que os produtos chineses ou de outros países da Ásia terão que buscar outros mercados a um preço incluso mais baixo que o atual. «Pode haver competição desleal, já que se os produtos não têm colocação, eles tentarão perder o menos possível e não terão problemas em reduzir de 20, 30 ou 40 por cento o preço da mercadoria», indicou o vice-ministro, quem explicou que na reunião também se debaterá um acordo entre as bancas centrais.

A idéia é acelerar a coordenação das políticas macroeconômicas para evitar que a instabilidade dos mercados prejudique o equilíbrio regional.