CorteO Tribunal Arbitral do Mercosul deu a sentença, nesta quarta-feira, a favor do Uruguai na demanda contra Argentina por não ter impedido o corte de estradas durante as disputas pela instalação das plantas de celulose em Fray Bentos.

Após a sentença do Tribunal que determina que os cortes de estradas dos ambientalistas de Gualeguaychú violaram o acordo de livre circulação que rege dentro do Mercosul, o ativista de Entre Rios Osvaldo Mousou, disse ao jornal El Observador (Uruguai) que a sentença «não nos condiciona em nosso acionar» e assegurou que o boicote ao turismo «vai continuar».

Os comerciantes uruguaios, por outro lado, coincidiram em que esperavam um pronunciamento mais forte do tribunal com respeito a futuros protestos e responsabilizaram ao governo de Kirchner frente a eventuais novos protestos.

«Esperávamos um pronunciamento mais forte para estarmos mais cobertos no futuro. Não disseram nada em concreto e em definitiva deram o aval à legalidade dos cortes», avaliou Daniel Fernández, coordenador da Associação de Comerciantes de Fray Bentos afetados pelos cortes, em diálogo com LANACION.com (Argentina).

Ainda que tenha admitido que em seu país a sentença esteja sendo avaliada como «positiva», para os comerciantes, fica-se na metade do caminho. «Se a porta sempre esteve entreaberta, agora está aberta totalmente», grafou sobre o eventual recomeço dos protestos.

Além do mais, Fernández ressaltou a «responsabilidade exclusiva» do governo de Kirchner ante essa possibilidade. «É certo que a sentença não faz advertências sobre cortes no futuro. Mas também, lhe põe ao governo argentino a pressão de ter que tomar medidas para que não voltem a suceder. É o único que tem a potestade para que isso não suceda», advertiu.

De sua parte, num comunicado, a Chancelaria uruguaia indicou que a sentença «claramente significa acolher plenamente o proposto pelo Uruguai de que os cortes de estrada no território argentino significaram um rompimento à livre circulação».

A chancelaria remite, assim mesmo, ao artigo 1º do Tratado de Assunção, que consagra a criação do Mercosul, no qual considera que a livre circulação é «princípio básico do compromisso entre os estados partes» do bloco e afirma que «Argentina não adotou a conduta devida para prever ou corrigir os atos dos particulares que causaram prejuízo a outro Estado».

Consultado pelo jornal El Observador, o ambientalista argentino Osvaldo Mousou, disse que a sentença do Tribunal «não nos condiciona em nosso acionar e muito menos nos desvela muito».

«A Assembléia de Gualeguaychú é independente a sentença e vamos continuar com nossa campanha de boicotar ao turismo uruguaio e não duvidaremos em voltar com os cortes se o povo de Entre Rios assim o dispõe», manteve enfaticamente.

«Se os cortes são ilegais, as plantas também», concluiu.