plantaContinua a intensa atividade para os distintos envolvidos no conflito pelas plantas de celulose, com distintas reuniões de importância política, a continuação de medidas de protesto por parte dos ambientalistas de Gualeguaychú e a decisão da Argentina em levar o caso a Corte Internacional de La Haya.

Distintas fontes afirmaram que o objetivo da reunião mantida nesta tarde entre o governador de Entre Rios, Jorge Busti, e os membros da Assembléia Ambiental de Gualeguaychú, era a petição por parte do governador de que os ambientalistas cessassem as medidas de corte de estradas.

Entretanto, segundo informa a agência de Entre Rios APF, o ambientalista Javier Villanueva disse que na reunião Busti lhes entregou o projeto de lei para pedir ao governo nacional de ir à Corte Internacional de La Haya, mas que não se lhes solicitou o cesse de cortes.

Villanueva explicou que na reunião não houve nenhum pedido por parte do governo de terminar com os cortes de estrada, assim como tampouco propostas alternativas. «Fizemos o compromisso de avaliar como temos chegado até o dia de hoje, quais foram as conquistas e quais serão os cenários possíveis tendo em conta esta apresentação em La Haya», disse.

«Trocamos idéias sem nenhuma resolução. A Assembléia já tinha programado as ações deste fim de semana, quer dizer, o corte da estrada 136 na sexta-feira, a caravana no domingo pela tarde e a detenção de dois caminhões nesta madrugada. Amanhã temos planejado outro corte que tem que ver com a troca de quinzena», anunciou.

Esta segunda-feira vizinhos e ambientalistas bloquearam o trânsito de dois caminhões de matrícula chilena que transportam material para a planta que a firma finlandesa Botnia constrói em Fray Bentos.

De sua parte o presidente uruguaio Tabaré Vázquez realizou uma Cúpula interpartidária, com os líderes políticos de todos os partidos na residência de Suárez. Ali, os políticos manifestaram seu respaldo ao governo no tema das plantas de celulose.

O presidente recebeu a Julio Maria Sanguinetti, Jorge Larrañaga, Pablo Mieres, Aldo Lamorte e Jorge Brovetto em Suárez pequeno, onde Vázquez tem seus escritórios, e logo caminharam juntos para a residência, onde se desenvolveu a reunião por um período de uma hora e meia.

A reunião teve como notícia destacada a decisão do presidente, que pretende recorrer à região para explicar que as plantas de celulose não são contaminadoras, segundo disseram participantes na reunião. Ao finalizar, o presidente não fez ato de presença na escadaria de Suárez, mas os distintos políticos participantes do encontro fizeram suas declarações de apoio ao governo.

Todos destacaram a importância dos investimentos das empresas de papel e ratificaram seu respaldo aos empreendimentos. Segundo assinalou o informativo da rádio, o primeiro em falar foi Sanguinetti, que disse ter manifestado ao mandatário sua preocupação pelos cortes de estrada e o efeito que estes tinham sobre o turismo.

O ministro de Educação e Cultura, Jorge Brovetto, que assistiu como representante do Frente Amplio, disse que na reunião se deixou bem claro a preocupação pela decisão argentina de recorrer ao tribunal de La Haya, porque isto significaria um corte nas negociações, ainda que reconheceu que as mesmas vinham sendo lentas e pouco produtivas.

Enquanto isso, a Comissão Binacional que analisava o tema do impacto ambiental das plantas, não chegou a um acordo nem um relatório conjunto. A chancelaria uruguaia informou num comunicado, trás finalizar a reunião, de «se decidiu confeccionar dos relatórios separados, um da delegação argentina e outro da delegação uruguaia, já que não se chegou a um consenso para apresentar um relatório em comum».

O representante de assuntos ambientais da cancelaria argentina, Raúl Estrada Oyuela, disse que não tem um relatório comum porque Uruguai não contribuiu com toda a informação necessária. «O que não se tem tido é informação suficiente. Durante seis meses não se recebeu a informação que falta», assegurou. «Qual vai ser o processo, qual vai ser o efluente, uma descrição precisa do processo químico de branqueamento, indicação de que químicos, que quantidades de químicos e em que ordem vão se utilizar. Como se vai tratar e controlar os efluentes líquidos, como se vão tratar as emissões de gases, quais vão ser os filtros que se vão ter», se perguntou Estrada.

A parte uruguaia pelo contrário considera que tem dado toda a informação requerida e disponível e nesta segunda-feira o ratificou o vice-ministro de Indústria, Martín Ponce de León, que representou a Uruguai na comissão. «O governo uruguaio acredita que a informação dada é suficiente; o Banco Mundial acredita que a informação dada é suficiente; nossos técnicos pensam que a informação dada é suficiente; bom, os argentinos têm direito a discrepar», disse Ponce de León.

Não obstante, Estrada advertiu de que o relatório apresentará a queixa de falta de informação. «O nosso relatório vai dizer que esses dados não foram apresentados, apesar de que em nossa opinião esses dados já estão em poder das empresas e, naturalmente a autoridade uruguaia deveria já ter requerido», afirmou.

O Banco Mundial fez um relatório preliminar sobre o perigo de contaminação por parte das plantas e concluiu que esse risco não existia. Quando se constituiu a comissão ambas partes concordaram em se reunir às vezes que fossem necessárias durante 180 dias, concluídos estes, teriam que apresentar um relatório com seus resultados.

Nesta segunda-feira expira o prazo, e segundo asseguraram fontes argentinas e uruguaias, os relatórios estarão prontos no transcurso desta semana. O comunicado da chancelaria uruguaia assegura que os relatórios «serão apresentados às chancelarias respectivas, as quais decidirão sobre o futuro do Grupo».

Por outro lado, Estrada disse que o presidente argentino, Néstor Kirchner, «está muito machucado pela insensibilidade, pela falta de permeabilidade uruguaia para entender a preocupação argentina».

O jornal La República difundiu hoje o relatório que se apresentaria esta tarde desde a delegação uruguaia. O mesmo, elaborado pelo assessor técnico da delegação, engenheiro Cyro Croce, assinalou que a tecnologia de produção das plantas está entre «as melhores tecnologias disponíveis» estabelecidas pela Comunidade Européia.

O relatório agrega que «a lesão ao balneário Las Cañas (Fray Bentos) e em toda a costa argentina resulta não detectável».

Documento completo: http://www.montevideo.com.uy/hnnoticiaj1.cgi?25956