«Entre Rios fecha as fronteiras» é a consigna que ontem e hoje manterão os cidadãos da costa do Rio Uruguai em oposição à instalação das fábricas de papel em Fray Bentos.


Uns 200 veículos circulavam do lado argentino, quando um grupo de meia centena «vizinhos autoconvocados» trancou a circulação sobre a ponte internacional General San Martín que une Gualeguaychú com a cidade uruguaia de Fray Bentos, onde se constroem as duas polêmicas plantas de celulose.

O protesto se iniciou de surpresa na madrugada –a Assembléia Ambiental de Gualeguaychú o tinha anunciado para as 8h (11h GMT)–, e se prolongará por várias horas, informou a imprensa de Entre Rios.

O grupo de manifestantes colocou pedregulhos, troncos e atravessou automóveis sobre a estrada 134 para evitar a passagem dos veículos, obrigando aos condutores a se desviarem uns 100 km mais ao norte para cruzarem a fronteira pela passagem que une a cidade de Colón com a uruguaia Paysandú.

Os integrantes da Assembléia Cidadã Ambiental decidiram o fechamento da fronteira com o Uruguai para desmentir informações que circularam a nível nacional e, que minimizam os possíveis riscos ambientais que acarretaria o funcionamento das plantas.

Durante todo o dia de ontem e de hoje os integrantes da Assembléia Cidadã Ambiental vêm mantendo a medida fazendo uma nova convocação à cidadania a acompanhá-los, trás a jornada do domingo passado onde se concentrou grande parte da atenção dos meios de comunicação de ambos países.

No seio da Assembléia se considerou que uma medida concreta, com tudo o que implica falar de «um fechamento de fronteira», era o adequado para demonstrar que segue firme a luta contra a instalação das duas fábricas frente a Gualeguaychú, na margem do Rio Uruguai.

A concentração cidadã se fará ao igual que ontem no mirante de Otero, sobre a estrada internacional 136, para marchar até o lugar do corte.

Deve-se dizer que também em Colón e Concórdia as assembléias respectivas estão dispostas a se unirem à proposta de Gualeguaychú, como forma de que o governo uruguaio saiba do descontento de uma parte da população de Entre Rios.

Vale neste caso lembrar que junto a consigna de ontem, «Entre Rios fecha suas fronteiras. Não às fábricas de celulosa», existe a que dá o marco às mobilizações que se têm realizado até o momento e é a que diz «Todo esforço é útil à hora de gerar consciência».

Neste sentido, um comunicado da Assembléia diz que «a permanência dos vizinhos na estrada internacional não será afetada pelo calor ou mau tempo: comparte-se o critério de que são horas decisivas para se deixar amedrontar por estas possibilidades, mínimas em comparação com o que poderá suceder se as fábricas chegassem a funcionar».

A Assembléia recebeu um apoio explícito quando o prefeito de Gualeyguachú Daniel Irigoyen estabeleceu para hoje recesso para a administração comunal de 11 às 13 horas, para que o pessoal municipal possa participar do corte da estrada Internacional N° 136.

Entretanto, o movimento sofreu uma grande rasteira no dia 19 de dezembro, ao se difundir em Washington um relatório preliminar da Corporação Financeira Internacional (CFI) do Banco Mundial (BM) que considerou que os projetos cumprem seus requisitos técnicos ambientais.

Não obstante, a CFI abriu um processo de consultas antes de determinar se financia os projetos com 10% do total do investimento que significaria sua contribuição.